Carta aberta a Rui Rio - Presidenciais 2021

Caro Rui Rio,


Tive o prazer de o conhecer pessoalmente há 20 anos atrás, no Hotel Montebelo em Viseu, aquando do XXIII congresso do PSD (famoso pela disputa entre Durão Barroso, Pedro Santana Lopes e Luís Marques Mendes). Sentamo-nos no bar. Eu, o Rui, e o meu avô, Eurico de Melo.


Nessa altura, havia uma certa reverência ao meu avô. Por parte dos aspirantes, dirigentes e a maioria das figuras de proa do partido. Todos tinham um especial cuidado nas conversas, e naquilo que diziam ao “Vice-Rei do Norte”. Era importante agradar-lhe, e quiçá garantir o seu apoio.


Naquela tarde em Viseu, o Rui começou imediatamente a ganhar o meu respeito. Porque não notei nenhuma deferência ao meu avô, apenas respeito. Porque não notei nenhum cuidado especial no seu discurso, disse o que pensava. Porque não notei nenhuma mudança no seu sotaque nortenho, apesar de estar há 10 anos por Lisboa.


Estes detalhes disseram-me algo sobre o seu carácter e a sua personalidade. Sobre os seus valores e princípios. Bem como sobre a sua forma de estar no partido e na política - muito próxima daquela marcada por Francisco Sá Carneiro, e seguida pelo meu avô, entre outros (infelizmente não tantos quanto desejável).


A sua carreira política, principalmente a partir desse ano (porque ganhou dimensão nacional com a candidatura às Autárquicas 2001, nas quais acabou por vencer a CM Porto), comprovou aquilo que eu pensava. O Rui está na política para servir, e não para se servir. É um homem íntegro, honesto, humilde, pragmático e corajoso.


Esse sentido de missão, maneira de estar e de ser, trouxeram-lhe muitos dissabores. Porque foi por causa deles que afrontou muitos poderes instalados e interesses obscuros. Mas também foi isso que conquistou a confiança e admiração de muitos portugueses - que lhe valeram várias vitórias eleitorais e políticas.


Agora, mais do que nunca, o país precisa que o Rui continue a ser igual a si próprio. E que lidere a disrupção e o combate que se impõe, para afastar do poder os perigosos interesses e indivíduos que descaradamente têm saqueado o dinheiro dos contribuintes. Usando-o em benefício próprio e dos seus correligionários.


Escuso-me de afirmar se Marcelo Rebelo de Sousa é dos que se aproveitou directamente. Mas digo convictamente, e baseado numa vasta evidência, que como Presidente da República e a coberto de um projecto de poder pessoal, que tem como objectivo a sua re-eleição em 2021, Marcelo se rendeu àqueles que pervertem a política e os negócios..


É por isso absolutamente imprescindível que o PSD apoie um candidato alternativo a Marcelo, nas próximas eleições Presidenciais. Apoiá-lo, ou deixá-lo vencer por falta de comparência, é dos piores serviços que se poderá prestar ao país neste momento. Tenho a certeza que outros partidos também procuram, e muitos portugueses anseiam, por uma opção válida.


Não se trata de uma questão de Esquerda versus Direita, ou de Socialismo versus Liberalismo. Não é, de todo, uma questão ideológica. Trata-se de colocar na posição de Chefe de Estado, de “árbitro” da política, alguém que verdadeiramente represente Portugal e os interesses dos Portugueses, que dê dignidade ao cargo e tenha respeito pelo lugar que ocupa.


Não é aceitável que no Palácio de Belém esteja um “bobo da corte” que deliberada e intencionalmente entretém e ilude os portugueses mais incautos, enquanto interesses instalados e homens corruptos se apoderam dos recursos do país e do dinheiro dos contribuintes, empurrando-os para outro resgate.


Rui, se me permite dar algumas sugestões - Pedro Passos Coelho, Leonor Beleza ou Paulo Rangel. Todos eles gozam de grande respeito e admiração por parte dos portugueses. E, mais do que isso, podem conquistar apoio transversal no expectro partidário. Acredito até que possam vencer.


Esta não é altura de jogar o "xadrez político". Porque aqueles que se sentam do outro lado do tabuleiro não são de confiar. São batoteiros, e apenas querem aproveitar-se da boa vontade de quem joga o "jogo pelo jogo". Esta é a hora de romper, como fazia Sá Carneiro.


Se há alguém no PSD com coragem e desprendimento para o fazer, é o Rui. Força! 


Luis Melo

Militante 69.491

(Secção PSD de Santo Tirso)

Londres, 25 Maio 2020


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