A habilidade de Costa: AR, Igreja, 25 Abril



A Cúpula de Lesboa prepara-se mais uma vez para mostrar ao país a sua força e também a sua forca.

Recorde-se que, por imposição da Cúpula (que decidiu decretar o Estado de Emergência) a maioria dos Portugueses não podem trabalhar, não podem saír de casa, e nem sequer se podem despedir dos seus entes queridos que perdem a vida durante esta crise de saúde.

Não podendo trabalhar, muitos deles estão a perder o rendimento e mesmo o emprego. Não podendo saír de casa, muitos estão a sofrer física e mentalmente. Mas todos estão, mais uma vez, a cumprir e a sacrificar-se pelo bem comum.

Cúpula, por sua vez, tem andado em sentido contrário. Vem aos orgãos de comunicação "dita" social, todos os dias, decretar e ordernar que todos se fechem em casa. Mas os seus membros andam permanente na rua, acompanhados das suas comitivas.

Pior do que isso, insistem agora em juntar na Assembleia da República quase 200 pessoas para festejar. Sim, festejar. Pouco importa se é o 25 Abril, o 25 Novembro, o 10 Junho, o 5 Outubro ou o 1 Dezembro. Não faz sentido e é um desrespeito e descaramento total.

Para além do mais, os festejos do 25 Abril na AR são arcaicos, obsoletos e hipócritas. Porque os Portugueses continuam a não poder festejar a conquista da verdadeira democracia, da verdadeira liberdade, da verdadeira justiça social.

E os culpados disso são os arlequins que querem fazer essa tal festa. Os políticos que "tratam das suas vidinhas”, e vêm neste dia falar de grandes valores na “casa da democracia” (onde se insultam e desrespeitam uns aos outros durante o resto do ano).

Para tentar justificar esta decisão inexplicável, o politicamente-hábil António Costa, deixa o jogo sujo para os seus "cães de fila" (Ana Catarina Mendes e outros), e por seu lado visita D. Manuel Clemente elogiando a Igreja e dando a impressão que o culto re-abrirá.

Com esta manobra, António Costa tenta não só desviar as atenções da polémica de si próprio, como  tirar argumentos aos que se colocarão contra a cerimónia por razões de saúde pública (se a Igreja pode, a AR também pode).

É pena que D. Manuel Clemente e a Igreja alinhem nestas manobras. Ou alguém acha que António Costa irá visitar todos os líderes de todas as organizações religiosas, comerciais, empresariais, etc. quando for o caso de já poderem voltar ao normal?

Só espero que, tal como escreveu Pedro Gomes Sanches no Observador, este seja na verdade mais um prego no caixão desta Cúpula que já tarda em caír de podre.

Comments

Popular posts from this blog

Maria João Avillez diz o que a Cúpula pensa

Persona non grata